Algumas semanas antes de viajar (já com a passagem comprada desde julho), muitas trocas de mail e mensagens via Twitter foram empolgando e dando a tônica do que seria esse evento na capital mineira. Os bate-papos giravam em torno de locais de hospedagem, acertos de tragos de cachaça, materiais a serem levados para comecialização e troca etc. Ansiedade segurada, grana apertada e guardada, lá fomos nós, o Azeitona e eu, na terça-feira pela manhã, rumo a Belo Horizonte.
Primeiro dia: O voo de Porto Alegre até Campinas foi meio turbulento, mas sem problemas. Com a troca de comandante e tripulação, a viagem até nosso destino final foi bem mais tranquila. Na chegada, perto do meio-dia, descobrimos que havia um ônibus do aeroporto de Confins (sim, esse nome tem uma razão de ser) até a rodoviária, no centro da cidade, por R$7,00. Ponto pra nós, que achávamos que iríamos gastar uma "bãnãnã" em taxi. Como somos pessoas extremamente prevenidas (aham!) não reservamos estadia em lugar nenhum. Aventura que se preze precisa de uma dose de acaso. Então a partir do momento em que botamos os pés na cidade, a nossa preocupação foi achar um lugar pra ficar, ainda que temporário, até nos instalarmos em um local definitivo durante o evento. Para nossa sorte, encontramos, de cara, um quiosque de informações com uma das pessoas mais simpáticas e prestativas das Minas Gerais. A Kelly (esse era o nome da moça) ligou para diversos hotéis próximos para verificar a disponibilidade de vagas. Achamos um a duas quadras de onde estávamos. A Kelly nos poupou mais uma grana de taxi e levou um "Tomara que todas as pessoas de Belo Horizonte sejam como tu. Muito Obrigado :) ". Ponto pra ela. Fomos até o Hotel de Minas (com um nome muito propício para piadas, trocadilhos e afins, já que as únicas "minas" qua haviam lá eram as duas tias camareiras e a moça que ficava cuidando o café da manhã). Ainda não estava liberado o quarto triplo (aguardávamos o nosso amigo Rogê Pedro Antônio, uma das únicas pessoas no mundo que tem 3 nomes e nenhum sobrenome), mas pudemos deixar as malas com o atendente da portaria até que voltássemos e rumar para o Palácio das Artes.
Sabíamos que o Rodrigo Rosa já estaria por lá, montando a exposição do mestre e amigo Canini, mas como não havíamos marcado nada, não o encontramos. Tudo bem, visitamos a exposição (espetacular, por sinal, com direito a uma linha do tempo e painéis enormes, mostrando todas as fases da sua trajetória) e o restante das dependências do festival. Não demorou muito encontramos o multifacetado e riograndino Wagner Passos, acompanhado da presença marcante do Teixeirinha estampado em sua camiseta. Mais tarde chegaram o Casal Renato e Lourdes Canini acompanhados do seu cicerone interestadual Lancast, gaúcho honorário e rei da roda de xaxado-punk.
Encontramos no centro da tenda Eugêncio Colonese as segundas pessoas mais simpáticas de Minas Gerais (não no sentido de ranking, porque eram tão simpáticas quanto a nossa querida Kelly, apenas as encontramos depois), mãe e filha que haviam montado um quiosque para venda de produtos alimentícios e bebelentícios (cerveja e pão de queijo). Essa foi a nossa primeira refeição em BH. Mais tarde encontramos com o Marko Ajdaric e o ajudamos a montar a sua mostra mundial de quadrinhos, um acervo inacreditável de livros e revistas de qualidade, de tudo que é nacionalidade, formato e estilo imagináveis (e inimagináveis também). Por acidente, em uma situação 'Lost in Translation' o Azeitona e eu acabamos conhecendo os alemães Reinhard Kleist e Jens Harder. O Kleist já estava de viagem marcada para Porto Alegre, para ministrar uma oficina (cujo primeiro inscrito fui eu). Pura coincidência. Feliz coincidência, pois ficamos muito amigos deles e conversamos muito durante o evento. Descobri que o meu inglês estava bem menos pior que eu imaginava. Mais tarde, no sábado, botei ele à prova, mas eu conto mais adiante. O saldo positivo de isso tudo foi que eu acabei baldeando um carregamento de livros do Kleist para cá, a pedido dele, pois estava com muita bagagem, e no fim da oficina fui presenteado com dois livros (em alemão) de autoria dele: The Secrets of Coney Island e Fucked. O Harder, fui descobrir depois, tem um trabalho filho-da-puta, que pretende contar a origem do universo e o desenvolvimento das civilizações às gerações futuras, através de 3 volumes de aproximadamente 600 páginas cada (Alpha, Beta e Gama). Ambos os trabalhos do Harder e do Kleist estavam em exposição em uma sala do evento. No fim de tarde começamos o ciclo de palestras com a senhora Heineken, na cafeteria do Palácio das Artes, atividade esta que se estendeu até o fim do evento. À noite fui com um grupo de bagaceiros - digo, amigos - , cujos nomes prefiro omitir (e assim o farei até o fim do relato), beber cachaça na tal da Savassi, a suposta e lendária região boêmia de BH. Choveu um pouco, mas nada que comprometesse. Acabamos em um boteco bahiano, com muito homem e pouca mulher. Quer dizer, talvez a chuva tenha comprometido. Night FAIL.
Segundo dia: Não lembro exatamente o que aconteceu neste dia, que era uma quarta-feira. Sim, lembrei, consultando agora a programação da FIQ, lembrei. Lembro que não teve manhã nesse dia. No início da tarde fizemos uma preza com o bróder Rodrigo Rosa, fazendo volume na fila de autógrafos do Cortiço, sua obra recém lançada. Não comprei (ainda), mas prometo que vou comprar porque tá muito foda o livro. Comprem. Eu recomendo.
Em seguida, teve a oficina com o Reinhard Kleist, que era pra ser diferente da que teve aqui em Porto, mas acabou sendo bem parecida, com a diferença de que lá foi em alemão com um tradutor suuuperinterpretativo, que não entendia bulhufas de quadrinhos e ainda ficava fazendo cara feia pros desenhos, e aqui foi em inglês, sem tradução. Aqui foi melhor, mais fluída. Saindo da oficina, dentro da tenda Eugênio Colonese ainda, uma fila monstra indicava o local onde o Maurício de Souza autografava o novo livro MSP 50 (que está fabuloso), junto com mais quatro desenhistas que participaram do projeto. Encontrei nesse dia com a Samanta Flôor, com a Mauren Veras e o Érico Assis, enviado especial do Omelete. Com a Samanta eu encontro quase toda semana, a Mauren eu não conhecia pessoalmente e o Érico eu não via há anos, desde que ele saiu de Pelotas. Foi ótimo reencontrá-lo, botamos muito papo em dia e falamos muita merda. Ele aparecerá mais vezes ainda ao longo do meu relato. No fim de tarde recomeçamos o ciclo de palestras e oficinas com as senhoras Heineken.
Creio que tenha sido nesta noite que choveu pra caralho, resultando em um saldo de algumas bancas destruídas. No dia seguinte: Reconstrução. Mesmo ressabiado da noite anterior, aceitei a proposta de conhecer um lugar, chamado DePutaMadre (que até ontem eu achava que era The Puta Madre). Olha, depois da manada de portadoras de tetas e bundas avantajadas - sem o mínimo talento para ser mais um rostinho bonito - que se viu pelas ruas de Belo Horizonte, finalmente pensei ter encontrado o lugar onde se escondiam as felizardas que conseguiam unir os 3 atributos em um corpo só. A boate, um inferninho com cara de local industrial abandonado, era bem legal, apesar da música techno dos diabos, curti. Não aceitava cartão. Ponto negativo pra eles. Mas não foi desgraçada a noite.
Terceiro dia: Mais um dia sem manhã. Comecei a desconfiar que o dia realmente começava ao meio-dia em BH. Quer dizer, acho que foi nesse dia que eu conheci as nababescas dependências culinárias do suntuoso Hotel de Minas. Regado a um café aguado, melancia, queijo branco e bolachas cream cracker, pudemos sentir todo o gostinho da fazendinha mineira em nossas papilas gustativas. Foi só o tempo de comer e voltar pro quarto pra recuperar o sono perdido. Agora sim, acordei depois do meio-dia. Fomos para o Palácio das Artes. Creio que o almoço foi no Shopping Metropolitano, na rua Bahia, ao lado do Othon Hotel, que hospedou todos os convidados do evento. O almoço foi uma merda. Continuávamos, o Azeitona, o Rogê e eu, atrás da típica Comida Mineira, que os mineiros insistem em chamar apenas de "Comida".
Como era de se esperar, a tenda Eugênio Colonese foi interditada para que fossem reparados os estragos causados pelo toró da noite anterior. Muita coisa ficou molhada... Livros e afins. Muitas promoções foram feitas e muito cachorro morto foi chutado. Pelo menos neste dia cinza tive a felicidade de reencontrar os amigos Pablo Mayer e Diogo César, duas figuraças que moram respectivamente em Joinville e Curitiba, mas que por sua vez nasceram em Curitiba e Joinville, respectivamente. Deu pra entender? Ok. O que importa é que a diversão começou a partir daí. Já tava divertido antes, mas agora pelo menos eu tinha com quem dividir o papel de alvo das tirações de sarro: o supracitado Diego Sérgio (também conhecido como Diogo César, ou Bruno Aleixo). Sim, Bruno Aleixo. Magicamente todos adquirimos sotaque lusitano e humor ácido. Pimba, já tomamos. Adquirimos método. Vestidos de ninjas, abrimos fechaduras com radiografias e demos facadas nas caras de nossos inimigos. Encontramos gajas, gordos, gajas loiras, Indira Ghandi e tudo mais que se possa imaginar. Culpamos o Nuno durante muito tempo, quando na verdade o verdadeiro culpado era o Vasco, que fugiu de um polícia. Que tinha uma arma escondida. E que podia tê-lo acertado. Mas errou. Porque não tinha método.
E a diversão não tem fim, com a chegada dos bróders Mateus Santolouco, Edu Medeiros, Rafael Albuquerque e sua digníssima esposa Cris Peter. Chegados diretamente de Porto Alegre, esse Powertrio (quarteto), que frequentemente é confundido com uma banda de rock n' roll, juntou-se a nós em nosso ciclo de palestras ministrado pela senhora Heineken, a presença mais marcante do evento. Alguns gringos preferiram a Skol, mas isso é papo pra mais adiante. Estava formada a trupe que seguiria detonando Geral em Minas. #TROCADILHO_INFAME. So, sou crazy, so.
Se eu não me engano, na noite de quinta-feira eu descansei, não tive ânimo de me meter em mais uma furada (por mais que, metaforicamente, pareça uma bela idéia essa história de meter em uma furada, embora a palavra 'metaforicamente' lembre algo como 'meter fora' etc...). #CORREÇÃO: Que sequela... Agora fui consultar meus flyers e os blogs de outras pessoas que fizeram relatos e 'lembrei' que nessa noite teve o Baile das Revistas Dependentes, no inferninho A Obra. Foi ducaráleo. Sério, chegamos lá, eu e as demais pessoas que eu insisto em não citar, e só tinha homem. Talvez duas mulheres. Ódio mortal à primeira vista. Porras, que diabos eu vou fazer em uma festa cheia de fãs e autores de quadrinhos, todos homens? Quando eu estava quase a ponto de ir embora, começou a tocar a banda Quebraqueixo do figuraça Evandro Esfolando, também autor da revista independente homônima. Hermanoteu, véi! A banda é A-FO-DER! E olha que eu não sou fã de som pesado. No fim teve cerveja boa, chegou uma mulherada e tocou mais uma banda legalzinha de Ska. Saldo da noite: Metaforicamente positivo.
Quarto Dia: Sexta-feira, se fosse um evento de rodeio em Barretos, nós estaríamos cantando a música da propaganda da Bavária, cantada pelo sexteto de AMIGOS, enquanto tomávamos Itaipava, 'a cerveja sem comparação', apesar de ser frequentemente comparada sim, e até mesmo chamada de 'A Polar paulista'. Calúnia. Mas como não estávamos em Barretos, e sim em BH, em um evento de quadrinhos, continuamos bebendo Heineken, naturalmente e sem moderação.
Falando em paulista, esse foi um dia de encontrar mais um amigo: Jozz, companheiro de outras viagens, que conheci em Porto Alegre e reencontrei em Buenos Aires, durante o evento Viñetas Sueltas. Grande parceria. Acabei conhecendo através dele a bela e simpaticíssima editora Isabela, da Multieditores. Aos poucos, ao longo dessa ótima semana fui conhecendo muitas pessoas legais, que publicam materiais fantásticos... Foi inacreditável ver tanto quadrinho independente de qualidade. Na sequência, em outros posts, vou resenhar uma por uma das minhas aquisições. Prometo. Por esses dias acabei conhecendo o parceiro Márcio Jr. da revista Macaco, da engraçadíssima A vida é mesmo uma maravilha e do selo musical Monstro Discos. Batemos um bom papo e acho que da continuação dessa conversa pode surgir uma grande alternativa pros independentes interestaduais. Conheci também o Gustavo Duarte, uma lenda da charge esportiva, e sua fantástica revista Có. Em um papo casual no saguão do Othon Hotel, descobrimos semelhanças assustadoras entre os nossos times, o Brasil de Pelotas (meu) e o Noroeste de Bauru (dele). Em solidariedade, ele me prometeu fazer um mascote do Xavante. Vou cobrar, hehe. Falando nisso, conheci lá também, enquanto o Gustavo autografava a minha Có, o Marco, aluno do Studio Fábrica de Sonhos (que estava com estande por lá também) e torcedor do América Mineiro, time que eliminou o Xavante do Brasileirão Série C. Uma simpatia de guri, acabei deixando por lá as minhas mágoas e a minha camisa rubro-negra e trazendo uma Americana pra cá. Belo souvenir, valeu pelo espírito esportivo.
No meio da tarde teve uma oficina com o espanhol Juan Díaz Canales, autor dos álbuns Blacksad, magistralmente pintados pelo artista Juanjo Guarnido. Ainda aguardamos ansiosamente o terceiro volume da obra aqui no Brasil. Foi bem interessante a oficina, basicamente mostrando o processo, desde a captação das ideias até a entrega do material pronto à editora.
Lá estavamos nós, novamente aquecendo as turbinas na cafeteria do Palácio das Artes, naquele fim de tarde maravilhoso, depois de tantos chuvosos, quando de repente, surge uma tropa do Império Galático, liderada por Fat Vader e capitaneada por Boba Fat, seguidos de Troopers com armaduras impressionantes e outros Jedis. Foi um fim de dia engraçado. Devido a um desencontro, acabamos, o Azeitona, o Rogê e eu tomando cachaça na maldita Savassi. Derrota final. Só que eles não tiveram estômago pra encarar um martelinho sequer, então eu tive que mandar ver em 3 doses. Haja fígado. Mas foi bom, pois no sábado a coisa ia esquentar, e começou cedo a programação, com dezenas de artistas aspirantes mostrando portfolios para editores importantes do Brasil e do exterior. Ah, esqueci de dizer que a cerveja mais gelada que nós tomamos foi no próprio Hotel de Minas, comercializada a R$2,50 o latão em um visacooler instalado no 'lobby'. A R$30,00 a diária por cabeça, com café da manhã, eu recomendo a estadia.
Quinto dia: Há um ariano e uma mulata / Porque hoje é sábado. / Há uma tensão inusitada / Porque hoje é sábado. / Há adolescências seminuas / Porque hoje é sábado. / Há um vampiro pelas ruas / Porque hoje é sábado. / Há um grande aumento no consumo / Porque hoje é sábado. Parece que o mestre Vinícius de Moraes, como um onisciente deus, previu esse sábado fantástico em seu Dia da Criação. Vimos gringos com mulatas, adolescentes seminuas, cosplayers pelas ruas e um aumento imenso de consumo. Pavilhões cheios de gente, vendas e trocas de revistas acontecendo por todos os cantos. Nesse dia foi que eu me aproximei mais do pessoal, tomei coragem e resolvi botar um lote de quase 80 revistas "Adeus, Tia Chica!" na mochila e sair a oferecer, seja pra venda, seja pra troca. Teve uma boa aceitação. Sidney Gusman, do UniversoHQ, também conhecido como Sidão, me disse que curtiu muito a revista e que sentia não tê-la recebido antes. Raphael Fernandes, editor da MAD, disse, entusiasmado, via Twitter, que adorou e que quer ver mais trabalhos do Coletivo Traço Todas. Ivan Brandon, que estava sediado no estande dos 10 Pãezinhos, dos gêmeos Bá e Moon, fez questão de me dizer pessoalmente que havia curtido muito também. E por aí vai. Acho que isso tudo foi um incentivo para que a revista continue de vento em popa. Ponto pra nós. Voltei de lá com um saldo positivo no meu ânimo.
Voltando ao evento... Apesar da programação intensa que ocorreu no sábado, cheio de mesas de bate-papo, oficinas e tudo mais, eu resolvi tirar o dia para uma viagem mais social, pra interagir, pra conhecer pessoas. Acabei participando do projeto "O Crime do Teishouko Preto", fazendo uma aquarela na página de número 307. Iniciativa do Gualberto, da HQMix Livraria. Conheci pessoalmente o Rafael Grampá, amigo de vários amigos meus, mas que eu ainda não havia tido a oportunidade de encontrar. Mais tarde, já na função Heinekeniana de todo santo dia, vi, próximo de onde eu estava, Craig Thompson e sua esposa Sierra Hahn, editora da Dark Horse. Resolvi oferecer uma cerveja. Começamos a bater um papo, falei do quanto o seu livro Retalhos mudou a minha vida (e o quanto isso deve ter acontecido com tanta gente além de mim) etc, de repente, pelo outro lado chega Ben Templesmith, uma figuraça, autor do já Hollywoodizado "30 dias de Noite". À medida que foram chegando fãs e mais fãs pedindo pro Craig Thompson assinar o seu Retalhos, eu fui conversando mais com o Templesmith. Fiquei envergonhado de pedir pro Thompson assinar em algo que não fosse um livro, então fiquei quieto, mas como o Azeitona teve a presença de espírito (leia-se cara-de-pau) de pedir pra ele autografar em seu caderno, daí eu falei que não tinha o meu caderno comigo e que em outra oportunidade pediria a ele pra fazer o mesmo. Gentilmente ele concordou, agradeceu pela cerveja, e em seguida seguiu para a sua palestra, que teve recorde de público. Enquanto isso, Ben Templesmith e eu conversamos por horas a fio, sempre acompanhados de cerveja (Bohemia, mas ele disse que havia curtido muito a Skol). Em seguida, o Rod Reis veio pedir que ele concedesse uma entrevista para o podcast Papo de Artista. Ben procurou seu tradutor por todos os lados (a tradução simultânea se faria necessária) e não o encontrou. Na falta do dito cujo, acabei me oferecendo pra traduzir a sua fala na entrevista, que pode ser ouvida aqui. Na volta do mini-estúdio improvisado seguimos conversando até encontrarmos o Ivan Brandon. Daí em diante eu segui meu rumo em busca de outras interações sociais.
Em seguida todo o pessoal que estava participando da FIQ se dirigiu a um restaurante chamado "Cia do Boi", no bairro Sion (a verdadeira região boêmia de BH). Foi a melhor refeição que nós fizemos ao longo desses seis dias. Ora, vejam só: Churrasco. Na nossa mesa estavam presentes, além de mim: Jozz, Isabela, Samanta Flôor, Pablo Mayer, Diogo César, Rogê Pedro Antônio e Azeitona. A figura da noite foi ele, o garçom. E ele se chamava Névison! Névison para presidente! No início suspeitamos que ele havia tirado o chopp na hora (se é que vocês me entendem) e mandado a carne bem-passada (no saco), pela forma conturbada como estava ocorrendo a relação. Porém, ao ver que ele estava lidando com pessoas educadas, que o queriam muito bem (e eu falo sério), ele resolveu até pagar uma cerveja para a mesa (ressaltando que era ele, e não a casa que estava oferecendo aquela cortesia). Emoção ou remorso? Prefiro não descobrir, mas pelo menos ele abriu a cerveja na nossa frente. Depois da janta, já nas movimentações para dar andamento na noite, Fábio Moon e Becky Cloonan vieram até a nossa mesa pra bater papo. Ambos foram muito simpáticos, a Becky arranhou um português - que ela já vinha treinando há horas via Twitter - falou algumas bobagens e encerrou com um "diz mais nada".
Mais tarde, grande parte do elenco rumou para um lugar chamado Jack Rock Bar. Na fila, fui surpreendido pelo Craig Thompson, que resolveu me perguntar se eu queria que ele fizesse o autográfo no meu sketchbook naquela hora, enquanto aguardávamos na fila, pois ele voaria para São Paulo na manhã seguinte. Naquela hora, com este ato de desprendimento, na China, diversos casais de Pandas começaram a se reproduzir espontâneamente, terminando com a ameaça de extinção da espécie. Como definiu o Azeitona: "Ele é o Neo Jesus." o Érico Assis, articulista do Omelete e tradutor do Retalhos, fez questão de registrar essas divagações que fizemos bêbados em uma mesa de bar.
A banda tava massa, tocou de Creedence Clearwater Revival a Jimmi Hendrix, mas o ponto alto foi quando rolou uma dos Doors: Um dos integrantes do Quarto Mundo (cujo nome será preservado) enlouqueceu de tal maneira que subiu ao palco ensandecido e realizou uma das performances mais bizarras já vistas na história da humanidade. Tudo bem, acontece. A cerveja tava gelada. Aceitavam cartão de crédito. A atendente do bar era uma gracinha. E tava todo mundo bêbado. Ê beleza. Cansaço era pouco.
Sexto dia: O Domingo foi o dia pra descansar e se preparar para a volta, na segunda, fazer as últimas despedidas, rir das merdas feitas na noite anterior e amarrar os contatos. Não vou descrever nada mais do que aconteceu, pois o clima era aquele de desolação, de adeus, de quero mais. Posso dizer que foi um prazer enorme conhecer e reencontrar muita gente e sentir que se abrem inúmeras possibilidades de parcerias e realizações de projetos. Foi especial ter por perto o fantástico Powertrio (+ Cris) com sua brodagem sem limites; O Azeitona, irmão de fé que embarca em tudo que é canoa furada comigo; O Rogê Pedro Antônio, que apesar da zoeira mútua é um baita parceiro e um puta artista; A dupla mais promissora do quadrinho nacional: Pablo Mayer e Diogo César (sem vocês a FIQ teria sido bem menos engraçada); O Lancast, o Rodrigo e o Wagner, amigos de longa data, das funções da GRAFAR, do Tutti Giorni e afins; O Canini e a Lourdes, pessoas especiais por quem eu tenho uma admiração e um respeito sem tamanho; A Samanta e a Mauren, dupla divertidíssima que também tá aí pela indiada; A Isabela, amiga nova, que já conquistou seu espaço através de muita simpatia; O Jozz, artista talentoso, agilizado e grande amigo.
Foi um prazer imenso também, ter conhecido pessoalmente as figuraças nacionais e internacionais: Gustavo Duarte, Reinhard Kleist, Jens Harder, Rafael Grampá, Ben Templesmith, Becky Cloonan, Vasilis Lolos, Guy Delisle, Ivan Brandon, Fábio Moon e Gabriel Bá, Eduardo Felipe (confundido por muitos como sendo o carinha do Pato Fu), Ana Recalde, Mário Cau, Alex Viera (e sua Revista Prego), Lucas (também conhecido como LTG, um dos maiores poetas do quadrinho nacional, das revistas Samba e Kowalski), O Tiago "El Cerdo" Lacerda (conhecido meu das listas de e-mail dos Diários Gráficos) e os Gabriéis da Revista Samba, o Stêvs e mais todo o pessoal da fantástica BELELÉU! BELELÉU!, Mathias Maxx (o verdadeiro Capitão Presença), o Lobo, o Evandro Esfolando, o Ricardo Ryotiras (grande talento), o Wellington Srbek (que me ensinou a pronúncia correta do seu nome), o Sidney Gusman e o Márcio Jr. Ah, e o Elfo também, que, apesar de eu mal ter falado com ele, me divertiu pacas. Obrigado Fat Vader, por mostrar que não basta ser gordo, tem que fazer cosplay.
Fim.
Não, este é apenas o começo...
19 comentários:
Camiseta bem trocada, malandro:
a do América mineiro é uma das mais
bonitas q existem.
Edgar
Quase chorei snif snif
Du caramba Maumau... valeu a pena realmente!!!
Só faltou o relato ai sobre a tal cueca do Batman... tudo culpa do Rogê, depois tu bate nele!!!
Abração meu velho!!! Sucesso!!!
Massa te ver por lá, cara!
Exclarecido agora que estavas or Po a bem mais temjpo do que eu imaginava :D
Abração!
Certeza que o FIQ não teria sido o mesmo sem o pessoal de POA. Caraca, temos que fazer isso denovo e bem logo!
Abração, Maumau!
O pá! Conheceste muita gente. Não conheceu nenhum homem que usa brinco? Eles são drogados...
Grande abraço, Maumau!
Diário xenxaxional! "Cosplay de Homem Areia", pra mim, foi o êxtase.
Relato proveniente do país chamado Caráleo!
Thiago
deu uma preguiça de ler tudo tudo mas o que eu li me fez brotar lagriminhas. menos 'os gajos', esses provocaram lagriminhas de gargalhar. =]
beijos!
Bruno Aleixo! Aí sim!
Dale Xavante.
Abraço.
Valeu pelos comentários pessoal!
Ah, esqueci de dar os créditos das fotos:
Fotos em que eu não apareço: Fui eu;
Fotos em que eu apareço: Não fui eu.
Abraço!
Grande Maumau! Estou tentando ler tudo o que comprei, troquei e ganhei no FIC e por coincidência, lí ontem a "Adeus, Tia Chica". Também fiz meus diários do FIC e estão no http://esfolando.wordpress.com
Valeu os elogios da bandinha e do gibi.
Abração!
Evandro Esfolando
adorei ^___^
tava muito divertido mesmo! deveria ser anual, néam.
Maumau, teus amigos nem nos apresentaram!Só podiam ser curitibanos ( natos ou infiltrados} mesmo.Hehehe
Mas foi um prazer! Vamos nos falando!
Abração
hehe, valeu Zé! A gente se falou rapidamente por lá no sábado, mas foi legal ver as tuas páginas, diferentes do teu trabalho que eu já conhecia, e também foi um prazer te conhecer. Qualquer hora dessas to baixando por Curitiba! Abraço!
Ô seu Mau, ou tu é parente do Pero Vaz de Caminha ou do escritor fantasma que escreveu a carta testamento do Getúlio, que relato meu camarada!Mesmo quem não foi, lendo esse teu texto, se sente ido.
Hehehe.
abraço
Simch
valeu mestre simch! esses comentarios fazem o esforço ter valido a pena! força pra continuar escrevendo, hehe
abração!
Nossa, que sorte a camisa do América, ela é rara e muito bonita! A mais bonita de todas é do Galo Mineiro! E enganaram vcs sobre a Savassi... há muito lá não é o point... e não entendo pq só foram em lugares que tem mais homens que mulheres, porque aqui está sobrando mulher!!! Da próxima vez, chamamos vcs para darem uma volta conosco, do CJMG!!! Que a força esteja com vc!!!
heheh, pelo teu nome tu deve ser quem eu vi lá no cosplay jedi da FIQ... Em se tratando de festas de BH apenas um pequeno padawan eu sou, na próxima vez espero que alguém me indique o caminho para o lado iluminado (pra que eu possa levar alguém para um canto escurinho da força, mas não à força é claro). Valeu pelos comentários. Que a força esteja contigo também :P
Apesar das minhas ressalvas ao brand "jornalismo gonzo" (não li beberragem, não li drogas e seus efeitos mucho loucos e não li sexo animal...) o relato está maravilhoso, maumau!
Além do teu trabalho como artista, tu deve investir na carreira literária. Tem futuro!
Beijão e bom trabalho!
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